cartas abertas
TUDO O QUE SE PASSOU NA SILLY SEASON QUE NÃO SOUBE MAS TEM DE SABER
///COMENDADOR ///MARQUES ///DE CORREIA
Onde o nosso Comendador, diz ele, faz o repositório do que de mais importante se passou neste verão de 2013
NUNCA PERCEBI PORQUÊ, mas em Portugal é o PSD que determina a rentrée. Talvez isso se deva ao facto de a rentrée ser um ponto de viragem na silly season, permitindo que esta volte, com normalidade e patatez, ao território da política O certo é que esta época, descrita com palavras francesas como rentrée e com expressões inglesas como silly season, se descreve com umas vulgares siglas portuguesas — PSD, PS, CDS, BE, PCP.
O dia 15 de agosto, que marca também a data em que Nossa Senhora fugiu da terra por já não poder ouvir músicos foleiros, concursos idiotas, meninas semidespidas na Volta a Portugal e capas de revistas e jornais sem temas interessantes, é o dia em que volta a seriedade ao país. Porém, para que nada lhe escape, caro leitor, nas conversas dos dois próximos meses (período em que falaremos destes últimos 15 dias) aqui deixo o repositório daquilo que de mais importante se passou.
Foi assim:
Judite de Sousa, que tem um biquini novo (que conceituados especialistas em moda consideram ter uma espécie de 'cuecas de aviador', daquelas que vêm até ao umbigo), declarou a uma revista que gosta de ver a mulher em que se tornou. Isto, além de dar a entender que não gostava de ver a mulher em que ainda não se tinha tornado, foi dito na mesma semana em que Judite de Sousa confessou que se tinha excedido um pouco ao entrevistar o Lorenzo Carvalho.
No caso de não saber quem é o Lorenzo Carvalho, não se preocupe, ninguém sabia, mesmo a Judite mostrou algumas dificuldades em explicar por que razão o entrevistou. Mas é um puto rico, que fez 22 anos e gastou 300 mil euros (ou coisa assim) na sua festa de anos. Como se sabe, o Lorenzo devia ter distribuído os 300 mil euros pelos quatro milhões de pobres portugueses, dando sete cêntimos e meio a cada um, ou, no mínimo dos mínimos, ter convidado Judite de Sousa para a festa, o que não fez (não valeu a pena, Judite, digo-te eu que lá estive). Ao não ter feito nada disto, o dito Lorenzo foi massacrado pela Judite, confirmando a ideia geral de que em Portugal a Judite só resolve crimes através de escutas telefónicas ou por confissão coagida. O facto de Judite ter sido dura com o Lorenzo levou a que a uma turba furiosa descobrisse que Judite de Sousa não merece viver ou, pelo menos, ter um programa na televisão. A mesma turba que dias antes se indignara por uma senhora rica afirmar que manter parte da casa em colmo era como 'brincar aos pobres' indignava-se agora por Judite não deixar um rico brincar aos ricos. E se, no primeiro caso, a culpa era do que disse a rica, no segundo era do que disse a Judite, que nada teve a ver com o primeiro caso, embora tenha comentado os dois com Marcelo Rebelo de Sousa, homem que, como se sabe, dá aos pobres quase tudo o que ganha (falamos de conhecimento intelectual) e que repreendeu brandamente a rica, o rapaz e a Judite.
De resto, o Pedro (que, depois de ter sido o Santana Lopes, é, cada vez mais, o Passos Coelho) lá atacou o Tribunal Constitucional, coisa que o Marcelo também repreendeu brandamente. Surpreendentemente, a grande notícia de praia neste verão veio do Norte da Europa, onde foi descoberto um pacu, um peixe que ataca os testículos humanos. Isto, embora pareça não ter nada a ver com o assunto, abre uma possibilidade ainda não explorada por ninguém: os políticos portugueses têm ido às praias do Norte da Europa e têm sido atacados por pacus? Eis um tema para a próxima silly season...
REVISTA 24/AGO/13